Eu imagino os homens chegados ao ponto em que os obstáculos, prejudiciais à sua conservação no estado natural, os arrastam, por sua resistência, sobre as forças que podem ser empregadas por cada indivíduo a fim de se manter em tal estado. Então esse estado primitivo não mais tem condições de subsistir, e o gênero humano pereceria se não mudasse sua maneira de ser. Rousseau
Não acredito que a nossa formação seja somente nossos títulos ou diplomas, nossa formação é o conjunto de atividades e experiências que vivemos e nos trazem uma maneira de compreender e agir no mundo. Somos agentes transformadores da nossa realidade, mas sobretudo seres modificados pela nossa realidade material.
Fiz a pré-escola numa sala anexa à Igreja Adventista do Remanso Campineiro, uma experiência bem lúdica e afetiva, me recordo de plantar rabanetes, ralar o joelho, e no dia da formatura pra dizer o que queria ser quando crescer, para ninguém copiar, eu disse: “Delegado da delegacia de ensino”
No ensino fundamental fui para Escola Estadual Manoel Ignácio da Silva, boa parte da minha família havia estudado lá e o diretor já me chamava pelo sobrenome.
Apesar de um esboço de uma inteligência latente, sempre fui muito inquieto, com certeza seria diagnosticado com TDAH (Transtorno de déficit de Atenção com Hiperatividade), raciocínio lógico aguçado, senso crítico pulsante, sempre envolvido nas atividades extraclasse como mecanismo de extravasar essa energia. Torneios esportivos, time de handebol, grêmio estudantil, etc.
Com a municipalização do Ensino Fundamental I, antigo primário, minha escola passou a ter o Ensino Médio e nós fomos a primeira turma a se formar em 2000.
No último bimestre, a professora de geografia que estava se formando em Ciências Sociais apareceu com a proposta de reembolsar alunos que se inscrevessem para o vestibular em Ciências Sociais, eu não tinha perspectiva de cursar uma universidade, não sabia o que eram as Ciências Sociais, mas sabia que o Presidente na época era Cientista Social, aquele ato fez com que eu fosse atrás da formação.
Em 2001, começo a cursar e a ficar fascinado ao encontrar argumentos para tudo aquilo que me incomodava na sociedade. Sociologia, Ciência Política, Antropologia entrelaçadas com Economia, História, Geografia, Filosofia e Pedagogia… que coisa maravilhosa, e como tudo que é bom a gente quer distribuir, fomos até Brasília para defender o retorno da Sociologia e Filosofia como disciplinas obrigatória no currículo do Ensino Médio.



Em 2003, fui selecionado pelo programa de extensão da universidade para o projeto do governo federal Universidade Solidária, que consistia no envio de alunos para o desenvolvimento de projetos locais nas mais diversas áreas. A cidade que fomos enviados foi Portalegre-RN, cidade com 7 mil habitantes, na divisa com o Ceará. Foi uma experiência sensacional para minha formação acadêmica e interpessoal.
Naquele mesmo ano tive que trancar minha faculdade, considerando que não havia PROUNI e o FIES exigia fiador, não era fácil manter os custos de um curso superior. Nesse período o que me manteve ligado à universidade foi o grupo de teatro.
Em 2005, consigo retornar à universidade, em outra turma, me formando em 2006. Meu trabalho de conclusão de curso tratava da criação de novos municípios a partir da constituição de 88, um estudo de caso do município de Hortolândia-SP.
Nesse período estava atuando na assessoria da Prefeitura de Hortolândia (2005-2008), passando por desenvolvimento econômico, Secretaria de Administração, Secretaria de Cultura e como palestrante da Escola de Gestão.
Em 2008, comecei lecionar disciplinas de ciências humanas nas escolas estaduais. Passei por diversas unidades escolares até 2012, inclusive na escola Manoel Ignácio, na qual estudei minha vida inteira.
Em 2009, comecei a cursar pós-graduação em Gestão Pública na PUC-Campinas me formando em 2010.
Em 2013, fui lecionar em colégios particulares de Campinas até 2019.
Em 2020, novamente a assessoria na Prefeitura de Hortolândia, na Secretaria de Educação.
É evidente que não há separação entre as histórias organizadas em três categorias: Formação, Política e Teatro. Poderia escrever mais categorias, como: Família, Religiosidade e empreendedorismo. Porém, escrevi este histórico para aqueles que se interessam pela minha história e meu trabalho.
Assim como na minha história, com mais ou menos oportunidades, indivíduos se esforçam para mudar sua compreensão de mundo e mudar o próprio mundo. A única coisa que não podemos valorizar é a ignorância.